segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Momentos não passam de momentos...

A vida é feita de momentos. Uns bons, outros maus.

A felicidade que toda a gente procura incessantemente é por definição um momento, uma boa notícia, um feito, uma conquista, um ganho, um orgulho, um sorriso, uma vitória! Mas será sempre instantânea e rápida, como as mousses de pacote.
Não quer dizer que por isso que não valha a pena procurar esses ditos momentos - vale! No entanto, só valerá verdadeiramente a pena se tivermos esta consciência da brevedidade de um instante. Nada é eterno e tudo tem um fim - frases feitas que se aplicam tão bem aqui. Assim, o que realmente importa é rodar ligeiramente a cabeça, esgueirar o sobreolho por cima do ombro e observar o que se passou atrás de nós. Analisar o nosso percurso (definido por vários momentos consecutivos) e acreditar que realmente o que construímos serviu de alguma coisa e acima de tudo que os momentos de felicidade foram muitos mais que os de tristeza. Dar valor aos bons momentos...

A boa notícia é que o mesmo se aplica precisamente aos momentos de tristeza! A ligeireza de um instante é aplicada pelo Tempo da mesma forma directa e implacável.
E ainda há outra nota muito positiva em relação a estas alturas menos boas: a força que nos arrasta para baixo e nos deixa tristes não é nada comparada com a força que nos levanta e nos faz sair mais fortes e reforçados destes momentos! Além disso, a felicidade nua e crua só existe depois da tristeza profunda e cruel.

Afinal... o que seria dos bons momentos sem os maus?

2 comentários:

  1. Vejo que a corrente poética te invadiu.
    Aqui transcrevo "Paraíso", de Fernando Pessoa que reflecte a tua mais recente prosa:

    "Se houver além da Vida um Paraíso,
    Outro modo de ser e de viver,
    Onde p'ra ser feliz seja preciso
    Apenas ser;

    Onde uma Nova Terra áurea receba
    Lágrimas, já diversas, de alegria,
    E em Outro Sol nosso olhar outro beba
    Um Novo e Eterno Dia;

    Onde o Áspide e o pomba de nossa alma
    Se casem, e com a Alma Exterior
    Numa unidade dupla - sua e calma
    Nossa alma viva, e à flor

    De nós nosso íntimo sentir decorra
    Em outra Cousa que não Duração,
    E nada canse porque viva ou morra -
    Aclamaremos então?

    Não: uma outra ânsia de infelicidade,
    Tocar-nos-á como uma brisa que erra,
    E subirá em nós a saudade
    Da imperfeição da Terra."

    Beijinhos,
    Rita

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  2. Estou estupefacto com tal panóplia de soldados da poesia! Fruto com certeza não de uma efémera coincidência mas de uma componente genética.

    Grandes feitos e grandes abraços.
    Pedro

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