quinta-feira, 11 de março de 2010

Texto do Dani(xinho)

Nunca me passou pela cabeça, no dia em que parti para o Rio de Janeiro, que escrever um simples texto sobre a estadia na Cidade Maravilhosa me fosse causar um misto de sensações que não consigo descrever agora…
Dia 18 de Outubro, aterrei, sozinho no Brasil sabendo apenas que teria um estágio no Hospital do Fundão que começaria na segunda-feira seguinte e acabaria a 15 de Janeiro. Claro e evidente que não tinha tratado de nada, ou seja, não tinha onde dormir. Sabia apenas que alguns amigos/conhecidos se encontravam por lá. Nas 2 primeiras semanas fiquei a dormir em casa de uns amigos que estudam Medicina, que me acolheram muito bem e me proporcionaram os meus primeiros momentos de felicidade nesta cidade. Muito obrigado Inês, Xana, Miguel e Willian!
No entanto, estava a dormir na sala e em busca de um quartinho onde ficar… Claro que eu sabia que o Jaime, Ferrão e Freitas estavam no Rio e tratei de lhes comunicar que tinha aterrado ali de” páraquedas”! Logo nos primeiros dias fizeram questão de me convidar para jantar em casa deles, seguido de uma pequena iniciação àquilo que seriam as Noites Loucas do Rio de Janeiro! Como me lembro dessa primeira noite! “Hoje é Festa Erasmus em casa do Celso!!!” Não fazia ideia do que estavam a falar. Revelou-se uma grande galhofa. Muitos copos, música e dança à mistura! Fizeram questão de me apresentar à malta portuguesa que estava lá a estudar sendo que um pequeno rapaz de tronco nú, de palmeira na mão, ligeiramente embriagado, saltando e cantando, me saltou logo á vista! “Quem é este ganda maluco!?” perguntava eu. Pois é, era o grande João Maciel, que também habitava com eles na famosa Casa Rosa. Nos dias seguintes, passei a ser assíduo frequentador daquela casa, onde passei a conhecer melhor o morador q me faltava – Barata.
Duas semanas depois da minha chegada, chegou-me aos ouvidos pelo Ferrão, uma possível proposta de contratação para a Casa Rosa! A casa já estava cheia mas pelos vistos, havia um quartinho pequenino da empregada no qual eu poderia ficar a dormir caso quisesse… Parece que não foi fácil chegar a acordo para que convite fosse endereçado mas, a verdade é que, dois dias depois, lá me mudei de malas às costas.
Amigos, vulgo conhecidos, passaram em apenas 3 meses a ser Grande Amigos. Amigos daqueles que ficam para toda a vida. No fundo, foram a minha Família no Rio de Janeiro.
Nunca pensei que as coisas fossem correr tão bem. Não vou falar do meu estágio pois foi de longe a faceta menos importante desta pequena viagem. Muitas aventuras se seguiram.
Muitos dias de praia no Posto 9 de Ipanema, tardes passadas no apartamento 201 nº 174 da Visconde Pirajá, muitas noites na Lapa, muitas idas ao Leblon em busca das afamadas “patricinhas”, futeboladas no aterro do Flamengo. Enfim! Foram demasiadas histórias partilhadas, impossíveis de descrever.
No entanto, há pormenores que não podem ser esquecidos. Para começar, a “nossa” casa, a CASA ROSA! Muito desarrumada, nem sempre limpa, alvo de grandes festas mas no fundo, sempre organizada! Nunca me vou esquecer daquele papel na parede onde se encontrava uma lista com os dias da semana e os nosso nomes, indicando quando é que cada um de nós iria cozinhar. Aqueles jantares eram míticos! Muito calor, tudo de tronco nú a suar mas sempre aquela hora do dia em que nos sentávamos à mesa durante pelo menos uma hora, disfrutando de uma bela refeição em família, relatando os episódios mais recentes e planeando os futuros!
Queria deixar uma pequena palavra para cada um de vocês que fizeram da minha estadia na Cidade Maravilhosa, os melhores meses da minha vida.

Pedro Ferrão – Talvez aquele que eu conhecia melhor. Revelaste-te um verdadeiro irmão! Muitas viagens de van partilhamos juntos, às 8 da manhã… Sempre a ajudar-me nas tarefas de culinária, a fazer aqueles TANG’s maravilhosos e a fazer aquela dupla maravilha na noite! Haha Para além disso, foste o meu companheiro de viagem durante uma semana pela Argentina. És Grande!

Jaime Silva – Jaiminho, compincha de futeboladas no Porto. Quem diria que o nosso skill de bola no pé se revelaria desta forma! O verdadeiro Pai da Casa Rosa. Um rapaz cheio de virtudes, sempre disposto a dar uma palavra nos momentos menos bons. Dar um pézinho de dança, fosse funk ou fosse samba, sempre na sua mente!

Pedro Freitas – BFF! Sempre acompanhado do seu Magalhães, fosse de noite ou de dia, mesmo enquanto dormia. Nunca disse que não a uma noitada! Sempre bem-disposto e alegre, este rapaz revelou-se uma surpresa para mim. Muitas caipirinhas juntos, a aproveitar a noite até ao fim. Comprou uma prancha de surf e deu-lhe muito uso! Poucas vezes o vi fora de água…

Nuno Barata – “Vens sair hoje ou vais ficar a ver uma série outra vez!?” Muitas vezes se ouviu esta pergunta na Casa Rosa. Era apenas uma forma de nos metermos com o grande Barata! Este rapaz apesar de ter uma grande apetência para usar a minha roupa, tornou-se um grande amigo. Não o conhecia mas mostrou que para além de um grande skater, é também 5 estrelas! Sempre a brindar-nos com boa música e com vontade de curtir! Não vou esquecer aquela choppada em Nitéroi contigo mano!

João Maciel - Maci! Quem diria que tu és lisboeta… Apesar de não conhecer nenhum de nós, quando fui morar para o 201, já era uma coqueluche! Posso falar por todos quando digo que este rapaz é o maior! Multi-facetado, alegre, divertido e uma excelente pessoa. É Impossível não gostar dele. Partilhei muitos e bons momentos contigo meu irmão… Muitos mais virão, agora em Lisboa e porque não, no Porto.

Enfim, tal como disse, foram os melhores meses da minha vida na medida em que tive direito a tudo aquilo que se deseja. Para além de agradecer do fundo do coração à família da Casa Rosa e também a todos aqueles que partilharam comigo estes momentos, queria agradecer particularmente aos meus Pais e Irmão. Sem vocês nada disto teria acontecido.

Muito obrigado por tudo, cheio de saudades!

Dani

PS: Eu sei que estão todos cheios de saudades de me ver dançar…

terça-feira, 9 de março de 2010

O meu Texto

Confesso que não sei por onde começar. Sei o que sinto quando penso nesta jornada, mas não é fácil estruturar os pensamentos, não é fácil organizar as ideias, não é fácil gerir as emoções que me ocorrem. Tudo surge quando imagino a nossa casa, a nossa rua, a nossa zona, a nossa praia, as nossas pessoas. Tudo o que foi nosso, durante esses 7 magníficos meses que tivemos o privilégio de passar na nossa… cidade maravilhosa!
Talvez começar pela casa… a casa que ficou conhecida pela cor das paredes da sua sala, a “Casa Rosa”. Daniel Macedo, Jaime Silva, João Maciel, Pedro Ferrão, Pedro Freitas e Nuno Barata. Estes são os 6 elementos que viveram na, já bem conhecida, habitação 201 da Rua Visconde Pirajá. Foram momentos inesquecíveis passados naquela sala de grandes jantaradas e conversas nocturnas, naquela cozinha de móveis podres e fogão imundo, naquele pátio de churrascadas e conversas na rede, naqueles quartos de camas frágeis e calor insuportável, naquelas casas-de-banho com comunicação interna e passagens secretas. Só vocês sabem do que eu falo, só vocês provavelmente sentem o que eu sinto ao ler este texto.
Começo pelo Maci (João Maciel), homem inicialmente algo fechado e pouco falador, revelou-se um grande coração e um amigo que, com toda a certeza, vou guardar comigo para sempre. Um Lisboeta Portista… não podia haver melhor escolha! Grande companheiro de galhofas mas também de boas conversas, uma excelente companhia que penso que surpreendeu tudo e todos. Danixinho (Daniel), o homem que chegou lá a casa como temporário e acabou vivendo connosco, que grande revelação! Nenhum de nós o conhecia muito bem e que grande aquisição do plantel. Um excelente dançarino e um bom feitio que não houve um dia que não o tenha visto sem ser de sorriso na cara. Faz-me lembrar que por vezes não são precisos novos amigos de novos lugares, mas sim conhecer melhor as pessoas que nos rodeiam. Ambos, ficaram grandes amigos e para sempre o serão. Os restantes 3 são amigos de longa data e só esperava coisas boas… Já os sabia bons amigos, mas não os sabia tão boa companhia, tão fáceis de lidar e tão bons cozinheiros! Achava difícil mas realmente conseguiram surpreender-me! Pedro Ferrão, o galã falso lento, bom feitio por natureza, exímio cozinheiro, Pedro Freitas o boémio pensante sempre boa companhia, com provas dadas nas carreirinhas, exímio cozinheiro também e Nuno Barata, o bom coração stressado que adora as suas rotinas, com provas dadas no skate longboard, não tão exímio mas com grande potencial na cozinha.
Aos cinco, digo-vos amigos, adorei viver com vocês e obrigado pela vossa excelente companhia. O Rio de Janeiro não teria tido o mesmo encanto sem a vossa presença. Os lugares não têm vida própria. São as pessoas que fazem os momentos e as memórias. E vocês fizeram grande parte da história deste enorme momento da minha vida, estes 7 maravilhosos meses.
Vem-me agora à cabeça um sem número de palavras que me apetece despejar aqui de uma forma desordenada como quem despeja um balde de berlindes dentro um recipiente gigante. São palavras e lugares que me lembram momentos e me deixam cheio de saudades.
A Praça General Osório às Terças de manhã com a feira das frutas, a Baía de Botafogo e as pessoas dando uma corridinha vista de manhã através de um vidro escurecido dentro de uma van, a linha vermelha e as favelas que a rodeiam, o Arpoador, o calçadão, a praia, as barracas, o coqueirão, a “altinha” tantas vezes jogada ao final da tarde com o sol a pôr-se atrás do morro dos dois irmãos, os dois irmãos, o Bené, o 468 da Visconde, a rua Barão da Torre, o Big Néctar, o grande Big Néctar (!), nosso poiso obrigatório todas as manhãs depois de uma noitada, os seus trabalhadores, Gestor, Luís e Natanael, o Beach Sucos e os joelhos, as Skols e Antárcticas, os Açaís, os sucos na faculdade todas as manhãs, os chopps ao final da tarde no quiosque “quase nove” com música ao vivo, as corridinhas ao final do dia, a Lapa, os arcos, o homem das caipirinhas, sempre o mesmo, o inferninho (!), o maluco da Lourinhã, as meninas vizinhas, as meninas do 468, o “tô tranquilo”, o pessoal Leblon, as meninas Leblon, todos os nossos ilustres visitantes, já referenciados no blog, Parati, o fim de semana incrível onde conhecemos muita gente e que nunca nos esqueceremos, Ilha Grande e a companhia ainda maior (!!!), a primeira vez na Rocinha na melhor das companhias, o Empório, o Luisinho que vendia jolas escondido da polícia, a excelente organização e qualidade culinária da “Casa Rosa” que fez com que fosse distinguida como a casa portuguesa onde se comia melhor em todo o Rio de Janeiro (pequeno momento de orgulho e vaidosismo), o pirata de Ipanema a personagem mitológica da nossa casa, os mates limão, os hamburguers, as esfihas, o B.G., os concertos, a Fundição Progresso, a Lagoa Rodrigues de Freitas, o Maracanã, o Vasco, o Flamengo, o Pão de Açúcar, o lombo de porco folhado com cogumelos do Freitas, o timbal de frango do Ferrão, as almôndegas com puré do Maci, a bolonhesa do Barata, o rolo de carne do Danixinho, o Magalhães, as colunas do pai do Danixinho, o espelho assombrado do corredor e a camisola do Barata que passou a ser mobília da casa, o Natal, as iguarias produzidas por todos em conjunto nessa noite especial, a passagem de ano, o calor constante, a boa disposição vibrante dos cariocas, o Rio de Janeiro…!
Depois há o capítulo da viagem mas é assunto para ser abordado noutra altura, de outra forma este post não acabaria hoje.
Não podia deixar de agradecer também à minha namorada Paz, que desde o primeiro minuto me apoiou e me deu força empolgando-me, até na decisão de ir para o Rio de Janeiro. Queria agradecer não só por isso, mas principalmente pela paciência e compreensão que sempre teve comigo durante estes meses. Obrigado por tudo, és espectacular minha Paz.
Aos meus queridos pais que me proporcionaram a possibilidade de fazer o intercâmbio, acreditando em mim e na minha maturidade. Muito obrigado.
A todos vocês, que conheci no Rio e que fizeram com que gostasse tanto da cidade maravilhosa, a cidade que não pára um segundo e onde tudo acontece. Voltamos a ver-nos no Portugal-Brasil jogado no Maracanã, no Mundial de 2014! =)

Abraço a todos,

Até já!

Jaime

segunda-feira, 8 de março de 2010

Texto do João Maciel

Primeiro, gostaria de agradecer ao amigo Jaime a oportunidade de me deixar escrever qualquer coisa no seu blog.
Para quem não me conhece, chamo-me João Maciel, um dos seis elementos do mítico ap 201 do nº 174 da Rua Visconde Pirajá, casa onde passámos a maior parte da nossa temporada no Rio de Janeiro.
Não sei se o meu texto vai ter um tema específico, vou escrever o que me apetece, quando achar que devo parar, assim o farei.
Estou em Lisboa desde Sábado, sim, sou o Lisboeta, o “intruso” no meio da avalanche Portuense com quem passei grande parte do meu tempo no Rio. Ora bem, retomando, Lisboa, cidade onde vivi toda a minha vida, onde tenho a maior parte dos meus amigos e onde penso passar a grande parte dos anos que terei pela frente. No entanto, desde Sábado, esta Lisboa parece-me diferente, faltam pessoas. Não que tenha deixado de gostar das pessoas de quem sempre gostei, antes pelo contrário, o facto de ter estado afastado uns meses só veio fortalecer esse sentimento, mas sinto que nestes primeiros dias estou a viver um filme onde faltam algumas personagens. Refiro-me a todos aqueles que partilharam comigo os últimos meses, talvez os melhores da minha vida, e que agora se encontram a alguns km de distância, uns no Porto e outros no nosso “ponto de encontro”, Rio de Janeiro
Não vale a pena dizer muitos nomes, todos foram importantes, mas como é claro, de todas as personagens em falta, não posso deixar de citar os meus amigos/“irmãos”: Jaime Silva, Nuno Barata, Pedro Ferrão, Pedro Freitas e Daniel Macedo, sem eles nada teria sido tão único como foi. De simples desconhecidos passaram a fazer parte da minha vida, parece que sempre os conheci e espero que isto se mantenha para sempre. É estranho acordar de manhã e não ter um ou dois deles ao meu lado, o ventilador ligado no tecto, o barulho dos autocarros na rua e aquela conversa matinal sobre qualquer coisa. Mais estranho ainda é a quantidade de vezes que tenho um sofá só para mim, poder deitar-me nele, em vez de me sentar ao lado de alguns troncos pegajosos acabados de chegar da praia. Poder acordar de manhã e beber água da torneira, andar descalço sem me preocupar com a camada de sujidade que os meus pés ganharão, tomar banho com a “pistola” do chuveiro na mão, ter máquina de lavar loiça, ter tosteira/tostadeira/tosta-misteira, frigorífico recheado, iogurtes e toda uma variedade de coisas que não tínhamos, mas que percebi não serem necessárias para que se viva bem e com muita felicidade. Saudades de não saber quem vai entrar pela porta, o Barata com mais uma aventura na Van de Nitéroi, o Dani com a sua bata de DR. Nimed, Ferrão com a sua mala à tiracolo e o seu andar de gingão, Jaime de mochila às costas completamente estafado de mais um duro dia de aulas e… Pedro Freitas, não foram muitas as vezes que o vi entrar pela porta, mas tinha a sua imagem de marca, o seu amiguinho branco, Magalhães de seu nome, saudades dele também.
Estar de volta a uma mesa de jantar com lugares fixos e não ter o Barata na cabeceira do lado esquerdo, o Jaime à frente e os restantes do meu lado direito. Não há um mapa de tarefas na parede cor-de-rosa da sala, aliás, agora a sala tem paredes brancas, quadros em vez de posters e a televisão tem comando e canais a mais para ver.
A casa de banho é branca, branca sem manchas pretas, há gel de banho e shampoo à descrição, sabonete só para lavar as mãos.
De cinco irmãos passei a um, o verdadeiro, o gémeo verdadeiro ao qual sou confundido dia sim, dia não. Não que seja mau, é a minha vida, mas diferente da que vivi do outro lado do Oceano.
São muitas as diferenças que estou a sentir, ainda não consegui assimilar todas elas, mas a maior é sem dúvida a vossa ausência.
Por fim gostava de deixar uma palavra especial ao Jaime, o blog acompanhou-nos ao longo do semestre, tens mais uns meses pela frente, por favor não o deixes morrer. Vai ser muito útil para que consigamos acompanhar a tua vida, mais “tranquila” (abraço ao Mana) mas, com certeza, continuará a ter muitas histórias para contar.
Amigos, vou ter muitas saudades da Cidade Maravilhosa, mas duma coisa já me apercebi, não é da cidade que tenho saudades, mas das pessoas maravilhosas que nela conheci.

Um grande abraço a todos!

Maci

P.S.: Arranjem um tempinho na vossa agenda e escrevam qualquer coisa também!