terça-feira, 9 de março de 2010

O meu Texto

Confesso que não sei por onde começar. Sei o que sinto quando penso nesta jornada, mas não é fácil estruturar os pensamentos, não é fácil organizar as ideias, não é fácil gerir as emoções que me ocorrem. Tudo surge quando imagino a nossa casa, a nossa rua, a nossa zona, a nossa praia, as nossas pessoas. Tudo o que foi nosso, durante esses 7 magníficos meses que tivemos o privilégio de passar na nossa… cidade maravilhosa!
Talvez começar pela casa… a casa que ficou conhecida pela cor das paredes da sua sala, a “Casa Rosa”. Daniel Macedo, Jaime Silva, João Maciel, Pedro Ferrão, Pedro Freitas e Nuno Barata. Estes são os 6 elementos que viveram na, já bem conhecida, habitação 201 da Rua Visconde Pirajá. Foram momentos inesquecíveis passados naquela sala de grandes jantaradas e conversas nocturnas, naquela cozinha de móveis podres e fogão imundo, naquele pátio de churrascadas e conversas na rede, naqueles quartos de camas frágeis e calor insuportável, naquelas casas-de-banho com comunicação interna e passagens secretas. Só vocês sabem do que eu falo, só vocês provavelmente sentem o que eu sinto ao ler este texto.
Começo pelo Maci (João Maciel), homem inicialmente algo fechado e pouco falador, revelou-se um grande coração e um amigo que, com toda a certeza, vou guardar comigo para sempre. Um Lisboeta Portista… não podia haver melhor escolha! Grande companheiro de galhofas mas também de boas conversas, uma excelente companhia que penso que surpreendeu tudo e todos. Danixinho (Daniel), o homem que chegou lá a casa como temporário e acabou vivendo connosco, que grande revelação! Nenhum de nós o conhecia muito bem e que grande aquisição do plantel. Um excelente dançarino e um bom feitio que não houve um dia que não o tenha visto sem ser de sorriso na cara. Faz-me lembrar que por vezes não são precisos novos amigos de novos lugares, mas sim conhecer melhor as pessoas que nos rodeiam. Ambos, ficaram grandes amigos e para sempre o serão. Os restantes 3 são amigos de longa data e só esperava coisas boas… Já os sabia bons amigos, mas não os sabia tão boa companhia, tão fáceis de lidar e tão bons cozinheiros! Achava difícil mas realmente conseguiram surpreender-me! Pedro Ferrão, o galã falso lento, bom feitio por natureza, exímio cozinheiro, Pedro Freitas o boémio pensante sempre boa companhia, com provas dadas nas carreirinhas, exímio cozinheiro também e Nuno Barata, o bom coração stressado que adora as suas rotinas, com provas dadas no skate longboard, não tão exímio mas com grande potencial na cozinha.
Aos cinco, digo-vos amigos, adorei viver com vocês e obrigado pela vossa excelente companhia. O Rio de Janeiro não teria tido o mesmo encanto sem a vossa presença. Os lugares não têm vida própria. São as pessoas que fazem os momentos e as memórias. E vocês fizeram grande parte da história deste enorme momento da minha vida, estes 7 maravilhosos meses.
Vem-me agora à cabeça um sem número de palavras que me apetece despejar aqui de uma forma desordenada como quem despeja um balde de berlindes dentro um recipiente gigante. São palavras e lugares que me lembram momentos e me deixam cheio de saudades.
A Praça General Osório às Terças de manhã com a feira das frutas, a Baía de Botafogo e as pessoas dando uma corridinha vista de manhã através de um vidro escurecido dentro de uma van, a linha vermelha e as favelas que a rodeiam, o Arpoador, o calçadão, a praia, as barracas, o coqueirão, a “altinha” tantas vezes jogada ao final da tarde com o sol a pôr-se atrás do morro dos dois irmãos, os dois irmãos, o Bené, o 468 da Visconde, a rua Barão da Torre, o Big Néctar, o grande Big Néctar (!), nosso poiso obrigatório todas as manhãs depois de uma noitada, os seus trabalhadores, Gestor, Luís e Natanael, o Beach Sucos e os joelhos, as Skols e Antárcticas, os Açaís, os sucos na faculdade todas as manhãs, os chopps ao final da tarde no quiosque “quase nove” com música ao vivo, as corridinhas ao final do dia, a Lapa, os arcos, o homem das caipirinhas, sempre o mesmo, o inferninho (!), o maluco da Lourinhã, as meninas vizinhas, as meninas do 468, o “tô tranquilo”, o pessoal Leblon, as meninas Leblon, todos os nossos ilustres visitantes, já referenciados no blog, Parati, o fim de semana incrível onde conhecemos muita gente e que nunca nos esqueceremos, Ilha Grande e a companhia ainda maior (!!!), a primeira vez na Rocinha na melhor das companhias, o Empório, o Luisinho que vendia jolas escondido da polícia, a excelente organização e qualidade culinária da “Casa Rosa” que fez com que fosse distinguida como a casa portuguesa onde se comia melhor em todo o Rio de Janeiro (pequeno momento de orgulho e vaidosismo), o pirata de Ipanema a personagem mitológica da nossa casa, os mates limão, os hamburguers, as esfihas, o B.G., os concertos, a Fundição Progresso, a Lagoa Rodrigues de Freitas, o Maracanã, o Vasco, o Flamengo, o Pão de Açúcar, o lombo de porco folhado com cogumelos do Freitas, o timbal de frango do Ferrão, as almôndegas com puré do Maci, a bolonhesa do Barata, o rolo de carne do Danixinho, o Magalhães, as colunas do pai do Danixinho, o espelho assombrado do corredor e a camisola do Barata que passou a ser mobília da casa, o Natal, as iguarias produzidas por todos em conjunto nessa noite especial, a passagem de ano, o calor constante, a boa disposição vibrante dos cariocas, o Rio de Janeiro…!
Depois há o capítulo da viagem mas é assunto para ser abordado noutra altura, de outra forma este post não acabaria hoje.
Não podia deixar de agradecer também à minha namorada Paz, que desde o primeiro minuto me apoiou e me deu força empolgando-me, até na decisão de ir para o Rio de Janeiro. Queria agradecer não só por isso, mas principalmente pela paciência e compreensão que sempre teve comigo durante estes meses. Obrigado por tudo, és espectacular minha Paz.
Aos meus queridos pais que me proporcionaram a possibilidade de fazer o intercâmbio, acreditando em mim e na minha maturidade. Muito obrigado.
A todos vocês, que conheci no Rio e que fizeram com que gostasse tanto da cidade maravilhosa, a cidade que não pára um segundo e onde tudo acontece. Voltamos a ver-nos no Portugal-Brasil jogado no Maracanã, no Mundial de 2014! =)

Abraço a todos,

Até já!

Jaime

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Estou todo arrepiado e com algo a querer saltar-me do canto do olho...

    Muito obrigado pelo texto, pela excelente companhia, pelo amigo que foste e sempre serás!

    Maci

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  3. Pois é irmão...
    Agora que estás de volta ao Rio aproveita ainda mais um pouco tudo aquilo que o momento te proporciona. O truque está em viver tudo como se fosse o primeiro dia de cada experiência!
    (Did you got it?)
    É só chutar a bola e siga a peladinha!
    Bom trabalho!
    Beijinhos,
    Rita

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