A vida é feita de momentos. Uns bons, outros maus.
A felicidade que toda a gente procura incessantemente é por definição um momento, uma boa notícia, um feito, uma conquista, um ganho, um orgulho, um sorriso, uma vitória! Mas será sempre instantânea e rápida, como as mousses de pacote.
Não quer dizer que por isso que não valha a pena procurar esses ditos momentos - vale! No entanto, só valerá verdadeiramente a pena se tivermos esta consciência da brevedidade de um instante. Nada é eterno e tudo tem um fim - frases feitas que se aplicam tão bem aqui. Assim, o que realmente importa é rodar ligeiramente a cabeça, esgueirar o sobreolho por cima do ombro e observar o que se passou atrás de nós. Analisar o nosso percurso (definido por vários momentos consecutivos) e acreditar que realmente o que construímos serviu de alguma coisa e acima de tudo que os momentos de felicidade foram muitos mais que os de tristeza. Dar valor aos bons momentos...
A boa notícia é que o mesmo se aplica precisamente aos momentos de tristeza! A ligeireza de um instante é aplicada pelo Tempo da mesma forma directa e implacável.
E ainda há outra nota muito positiva em relação a estas alturas menos boas: a força que nos arrasta para baixo e nos deixa tristes não é nada comparada com a força que nos levanta e nos faz sair mais fortes e reforçados destes momentos! Além disso, a felicidade nua e crua só existe depois da tristeza profunda e cruel.
Afinal... o que seria dos bons momentos sem os maus?
Boas maneiras
Há 12 anos
Vejo que a corrente poética te invadiu.
ResponderEliminarAqui transcrevo "Paraíso", de Fernando Pessoa que reflecte a tua mais recente prosa:
"Se houver além da Vida um Paraíso,
Outro modo de ser e de viver,
Onde p'ra ser feliz seja preciso
Apenas ser;
Onde uma Nova Terra áurea receba
Lágrimas, já diversas, de alegria,
E em Outro Sol nosso olhar outro beba
Um Novo e Eterno Dia;
Onde o Áspide e o pomba de nossa alma
Se casem, e com a Alma Exterior
Numa unidade dupla - sua e calma
Nossa alma viva, e à flor
De nós nosso íntimo sentir decorra
Em outra Cousa que não Duração,
E nada canse porque viva ou morra -
Aclamaremos então?
Não: uma outra ânsia de infelicidade,
Tocar-nos-á como uma brisa que erra,
E subirá em nós a saudade
Da imperfeição da Terra."
Beijinhos,
Rita
Estou estupefacto com tal panóplia de soldados da poesia! Fruto com certeza não de uma efémera coincidência mas de uma componente genética.
ResponderEliminarGrandes feitos e grandes abraços.
Pedro